By Soraya Santos

sexta-feira, 30 de julho de 2010


Como a Internet Mudou Minha Vida (Joelmir Beting )

"Estive fazendo um levantamento de todas as baboseiras que me enviaram pela Internet e observei como elas mudaram a minha existência. Primeiro, deixei de ir a bares, com medo de me envolver com alguma mulher ligada a alguma quadrilha de ladrões de órgãos que me roubasse as córneas, me arrancasse os dois rins e me deixasse estirado dentro de uma banheira cheia de gelo.
Deixei também de ir ao cinema, com medo de me sentar em uma poltrona com seringa infectada com o vírus da Aids. Depois parei de atender o telefone para evitar que me pedissem para digitar *9, tivesse minha linha clonada e fosse obrigado a pagar uma conta telefônica astronômica.
Dei o meu celular porque iriam me presentear com um modelo mais novo da Ericsson, que nunca chegou. Então tive de comprar outro, mas o abandonei, com medo que as microondas me dessem câncer no cérebro. Deixei de comer vários alimentos com medo dos estrógenos.
Parei de comer galinha e hambúrgueres porque eles não são mais que carne de monstros horríveis, sem olhos, cabeludos e cultivados em um laboratório.
Abandonei o hábito de tomar qualquer coisa em lata para não morrer contaminado pela urina do rato.
Deixei de ir aos shoppings com medo que seqüestrassem a minha mulher e a obrigassem a gastar todos os limites do cartão de crédito ou colocassem alguém morto no porta-malas do automóvel dela.
Eu também doei todas as minhas poupanças à conta de Brian, um menino doente que estava a ponto de morrer umas 700 vezes no hospital.
Participei arduamente de uma campanha contra a tortura de alguns ursos asiáticos que tinham a bílis extraída e de uma outra contra o desmatamento da Floresta Amazônica.
Fiquei praticamente arruinado financeiramente ao comprar todos os antivírus existentes para evitar que a maldita rã da Budweiser invadisse o meu micro ou que os Teletubies se apoderassem do meu protetor de tela. Deixei de fazer, tomar e comer tantas coisas, que quase morro desnutrido.
Cansei de esperar junto à minha caixa de correio os US$ 150 mil que a Microsoft e a AOL me mandariam pela participação de rastreio de e-mails enviados.
Quis fazer o meu testamento e entregá-lo ao meu advogado para doar os meus bens para a instituição beneficente que recebe um centavo de dólar por cada pessoa que anota seu nome na corrente pela luta da independência das mulheres no Paquistão, mas não pude entregar porque tive medo de passar a língua sobre a cola na borda do envelope e me contaminar com as baratas incubadas nela. Também não ganhei um milhão de dólares, nem um porsche e nem fiz sexo com a Nicole Kidmann, que foram as três coisas que pedi como desejo quando recebi e encaminhei o Tantra Mágico enviado pelo Dalai Lama lá da Índia.
E como se não bastasse terminei acreditando que tudo de ruim e de injusto que me aconteceu é porque quebrei todas as correntes ridículas que me enviaram e acabei sendo amaldiçoado.
Resultado: estou em tratamento psiquiátrico. "
0 Comentários

Compensação

Hoje que queria abrir um álbum de fotografias, onde não houvesse gente de olhos duros e mãos aduncas. Onde umas boas senhoras pousassem no papel com delicadeza, não para sobreviverem eternamente, mas para mandarem seu retrato às amigas com finas letras de “sincera afeição”. Um álbum onde aparecessem uns bons velhotes que não faziam negociatas, que não sabiam multiplicar dinheiro, que usavam roupas desajeitadas, sofriam de reumatismo, liam Virgílio e Horácio, e não tinham medo de fantasmas do porão. De lá de dentro de seus retratos essas senhoras estariam dizendo: “Meus filhos, nada disso vale a pena...” (E saberíamos que falavam de parentes sôfregos, ávidos de partilhas, uns querendo herdar as terras do morro – outros, a mata; outros, a várzea – todos vivendo já do testamento, antes mesmo da extrema-unção...) Hoje eu queria ficar folheando este álbum, onde não desejaria encontrar aqueles herdeiros.

Hoje eu queria ler uns livros que não falam de gente, mas só de bichos, de plantas, de pedras: um livro que me levasse por essas solidões da Natureza, sem vozes humanas, sem discursos, boatos, mentiras, calúnias, falsidades, elogios, celebrações... hoje eu queria apenas ver uma flor abrir-se, desmanchar-se, viver sua existência autêntica, integral, do nascimento à morte, muito breve, sem borboleta nem abelha de permeio. Uma existência total, no seu mistério. (E antes da flor? – Não sei.).

Esta ignorância humana. Este silêncio do universo. A sabedoria. Hoje eu queria estar entre as nuvens, na velocidade das nuvens, na sua fragilidade, na sua docilidade de ser e deixar de ser. Livremente. Sem interesse próprio. Confiante. À mercê da vida. Sem nenhum sonho de durarem um pouco mais, de ficarem no céu até o ano 2000, de terem emprego público, férias, abono de Natal, montepio, prêmio de loteria, discurso à beira do túmulo, nome em placa de rua, busto no jardim... (Ó nuvens prodigiosas, criaturas efêmeras que estais tão alto e não pretendeis nada, e sois capazes de obscurecer o sol e de fazer frutificar a terra, e não tendes vaidade nenhuma nem apego a esses ocasos!) Hoje eu quereria andar lá em cima nas nuvens, com as nuvens, pelas nuvens, para as nuvens...

Hoje eu quereria estar no deserto amarelo, sem beduíno, camelo ou rebanho de cabras: no puro deserto amarelo onde só reina o vento grandioso que leva tudo, que não precisa nem de água, nem de areia, nem de flor, nem de pedra, nem de gente. O vento solitário que vai para longe de mãos vazias.

Hoje eu queria ser esse vento.

(Cecília Meireles, Escolha o seu sonho)

0 Comentários

"Bebês mimados tornam-se adultos menos estressados"



"PARIS (AFP) - A afeição maternal transbordante dada aos bebês de alguns meses torna-os mais bem preparados para enfrentar os problemas da vida na idade adulta, segundo um estudo publicado nesta terça-feira no "Jornal de Epidemiologia e Saúde Comunitária", uma revista americana.
Na pesquisa realizada durante vários anos com 482 pessoas no Estado americano de Rhode Island, os cientistas compararam dados sobre a relação dos bebês de 8 meses com sua mãe e seu desempenho emocional, medido por testes, aos 34 anos de idade.
Eles queriam verificar a noção segundo a qual os vínculos afetivos fortes a partir da primeira infância fornecem uma base sólida para se sair bem ante os problemas da vida.
Até então, os estudos sobre o assunto eram baseados em relatos de lembranças da infância, sem um acompanhamento.
A qualidade da interação dos bebês com suas mães aos 8 meses foi avaliada por um psicólogo, que anotou as reações de afeto e atenção da mãe. A classificação - datando dos anos 60 - ia de "negativa" à "excessiva", passando por "calorosas".
Em cerca de um caso em dez, o psicólogo notou um baixo nível de afeto maternal em relação ao bebê. Em 85% dos casos, o nível de afeição era normal, e elevado em 6% dos casos.
Essas pessoas acompanhadas foram testadas, depois, aos 34 anos, sobre uma lista de sintomas reveladores de ansiedade e hostilidade e mal-estar em relação ao mundo.
Qualquer que fosse o meio social, ficou constatado que os que foram objeto de mais carinhos aos 8 meses tinham os níveis de ansiedade, hostilidade e mal-estar mais baixos. A diferença chegava a 7 pontos no item ansiedade em relação aos outros; de mais de 3 pontos para hostilidade e de 5 pontos para o mal-estar.
Curiosamente, não havia diferença entre os que receberam um nível de afeto baixo e o normal. Isso poderia ser explicado, principalmente, segundo os pesquisadores, pela falta de interações verdadeiramente negativas na mostra observada.
Segundo eles, isto confirma que as experiências, mesmo as mais precoces, podem influenciar na vida adulta. As memórias biológicas construídas cedo podem "produzir vulnerabilidades latentes", diz o estudo."


0 Comentários

Um outro coração

Mãe seria melhor se eu tivesse
Um coração de gelo ou de metal?!?
Ou talvez de pedra ou de madeira,
desde que portasse como tal!...
Um coração que à sua maneira
não mais permitisse que eu sofresse

Com a punhalada que me dá a ingratidão!
Um coração que me tirasse dos ouvidos
o pranto dos enfermos em hospital!
Um coração que me tirasse dos sentidos
o pranto das crianças sem os pais!
E que jamais sentisse a Solidão!

E que não sentisse o medo nem a dor!
Um coração que se tornasse indiferente
mata a fome que ceifa tantas vidas!
E que me tornasse auto-suficiente,
com artérias ou veias doloridas!
E que jamais sentisse a falta de amor!

Ah! ainda assim eu seria infeliz!
Somente um coração de fibras musculares
(desses que guardam a virtude e o pecado)
Pode sentir a paz que ainda há nos lares
As esperanças que há no campo semeado!
eu poderei um dia ainda ser feliz...

Quando fizer mais por alguém que ainda chora,
e agradar a Deus o coração que tenho agora!

José Edmar Cisne
0 Comentários

Quem sou eu

Minha foto
Virginiana, curiosa, apaixonada por animais (em especial cães e gatos), inquieta, embora pareça ser uma pessoa calma minha mente ferve a cada segundo por informações. Quer saber mais? Leia o meu blog e descubra. Beijão